sábado, 3 de setembro de 2011

Sou Estrangeiro Aqui


A experiência de peregrinar está no seio da Igreja, revela a caminhada humana rumo a Deus, início e consumador de tudo. Somos exortados a buscar as coisas do alto nos desprendendo do que é passageiro e pobre de sentido, porque a nossa morada definitiva não é neste mundo, mas sim no céu.

"Buscai as coisas lá do alto." Cl 3, 1

Nos seus 33 anos de caminhada rumo a vontade do Pai, Jesus peregrinou várias vezes ao Templo junto à sua família, pois como um Bom Judeu não se deixou seduzir pelos prazeres do mundo, tinha os olhos no alto e os pés no chão (sem um tênis com amortecedor ou um "car"melo total flex). Jesus trilhou um caminho de pedras, derramou seu sangue e sempre esteve a caminho, mesmo com os pés machucados, revelando a importância de sempre caminhar, acreditar no novo que há de vir e buscar no dia-a-dia o mistério que não deixa a vida cair na falta de sentido. Ele ensinou àqueles que lutam pela glória divina que nós não podemos parar e que a experiência com Deus é dinâmica e nos impulsiona sempre para frente. Por mais tentador e fácil que seja o caminho de volta, no divino Salvador encontramos o itinerário da vida real e verdadeira: a perseverança!

"Hoje vimos coisas maravilhosas." Lc 5, 26

Que hoje a Igreja nos revela o caminho a seguir, isso é fato, mas não basta saber qual o caminho, é preciso atitude jovem! O fogo divino que anima o cristão nunca se apagará se ele não desviar seu olhar do peregrino por excelência: Jesus, no qual depositamos toda nossa ESPERANÇA na busca do céu, da vida eterna. Trilha os passos firmes e constantes de Jesus aquele que sabe ouvi-lo, por isso uma peregrinação não é uma viagem de turismo na qual "vc" (em letra minúscula e abreviada) coloca no roteiro o que "vc" gosta ou quer ver, mas sim o que "vc" precisa experienciar: Deus! Aqui vale um lembre-te: ele sabe o que faz, certo?!
Tenha fé e não te deixe aprisionar em idéias ou pessoas, vale a pena ir em busca do novo, saciar a sede de Deus e revelá-lo por onde passarmos, desconfie se você a mais de dois anos faz as mesmas coisas, convivendo com as mesmas pessoas e sempre nos mesmos lugares.

"Para quem realmente quer, nada é difícil." Santa Faustina

Nada desvia tua atenção do Senhor se com coragem você rezar: Faz-me livre para escolher os teus caminhos Senhor. Oremos caminheiro!

Jesus, livra-me do desânimo, do conformismo e da acomodação, levando-me ao Pai por caminhos que tu já escolheste pra mim. Confio em ti Senhor, e se for preciso sofrer por amor a justiça e a verdade, faz-me fiel que o meu coração é todo teu. Como tua mãe desejo dar-me inteiramente e com um sim incondicional galgar os montes e passar o vale de lágrimas, rumo a Pátria Celeste, amém. Sou Estrangeiro aqui, o céu é meu lugar.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Ao Coração


Deus me entregou bem mais do que mereço
Talvez seja por isso que eu me cobre um pouco mais
Não que eu não seja capaz
Mas, às vezes, é difícil

Nem sempre eu sei fazer, o bem que eu desejo
E, às vezes, eu me vejo
Me enganando sempre mais
Não que eu não queira acertar
Mas nem sempre é possível

Já me condeno tanto
Pelos erros que na vida eu cometi
Pelas vezes que eu não soube decidir
E assim, meu coração gritava desesperado de quem ama
Coração, tu que estás dentro em meu peito
Me condenas desse jeito
E eu não sei por qual motivo

Se és divina voz em mim
Só te peço, por favor, eu sou humano
Não me condenes assim

Humano eu sou assim: virtudes e limites
Se agora me permites
Eu pretendo é ser feliz
Sem prender-me ao que não fiz
Mas olhando o que é possível

A dor que, às vezes, vem
Me faz feliz também
Pois ela me recorda o valor que tem a cruz
Quando a noite esconde a luz
Deus acende as estrelas

Pe. Fábio de Melo

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Podemos mudar a nossa história


Não é preciso temer o sofrimento, mas é preciso saber como reagir

Sim, este título não é apenas sugestão, mas uma concreta e alegre afirmação: É possível, é sempre possível mudar nossa história!
Percebo que o conformismo e a acomodação são dois grandes parasitas que perpassam o DNA de muita gente em nosso tempo. Tempo por vezes tão confuso, que em várias situações acaba inserindo nas pessoas uma intensa letargia e um profundo sentimento de incapacidade. Sim, incapacidade diante dos problemas, das fraquezas, diante de fatos dolorosos que desejam – levianamente – definir o curso de nossa história.
É necessário que se creia que não se é aquilo que se sente, e que mesmo quando a tristeza e a incapacidade quiserem nos aprisionar, podemos e devemos resistir acreditando na força que existe dentro de cada um de nós, no poder de superação que muitos já definiram como: “Força dinâmica que anima a vida”.
Ao contrário do que muitos pensadores contemporâneos afirmaram, o homem não é um nada atirado no vazio da existência, sem um “porquê” de existir e sem “uma finalidade na existência”.
O homem é um ser prenhe de significado, um ser que porta uma enorme capacidade de se superar e se autotranscender em cada instante da vida.
As contrariedades que enfrentamos não têm o poder de definir aquilo que seremos, nem mesmo nossos erros e fragilidades o têm. Tudo isso pode se tornar matéria-prima para realizarmos uma bela e contínua "re-significação" em nossa história, superando dores e conquistando vitórias.
Basta, atentamente, perceber o movimento presente na existência para compreender que as dificuldades nem sempre são inimigas, mas, na maioria das vezes, elas vêm à luz com o intuito de fazer a vida ser mais e não menos. O sofrimento traz consigo uma força de novidade que infunde no coração capacidades que antes nem eram imaginadas por aquele que o vivencia.
Não é preciso temer o sofrimento, mas é preciso saber como reagir, como responder a ele. Ele pode e deve sempre formar e ensinar, e não se tornar uma muleta, na qual nos escondemos a vida toda. Ele tem o dom de nos fazer compreender a vida de uma forma como nunca a entenderíamos antes. Ele nos purifica e tira de nós o melhor. Por isso, diante de qualquer dor e derrota, o importante é sempre nutrir a certeza: “É possível mudar minha história!”, é possível crescer com as dores e sempre aprender com elas.
Por maior que sejam as muralhas que se levantaram contra nós, essa esperança deve sempre povoar nosso coração: “Sou um vencedor, possuo em mim essa Força dinâmica de superação, que anima minha vida; posso vencer, pois essa Força de Deus habita em mim”.
“Disseram-lhe os seus discípulos: Eis que agora falas claramente e a tua linguagem já não é figurada e obscura. Agora sabemos que conheces todas as coisas e que não necessitas que alguém te pergunte. Por isso, cremos que saíste de Deus. Jesus replicou-lhes: Credes agora!... Eis que vem a hora, e ela já veio, em que sereis espalhados, cada um para o seu lado, e me deixareis sozinho. Mas não estou só, porque o Pai está comigo. Referi-vos essas coisas para que tenhais a paz em mim. No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo.”  (Jo 16, 29-33)
E mesmo quando somos nós os culpados, mesmo quando padecemos por conta de nossos próprios erros e fraquezas, é necessário entender que, em Deus, misericórdia não é passatempo, mas verdade eterna e derramada como perene possibilidade de recomeço e novidade, em qualquer fase ou circunstância da vida.
Quando se entende que a vida não pode ser subtraída a momentos isolados de limitação e que ela nasceu para sempre ser mais, para sempre crescer, a esperança pode fixar morada – mesmo em meio ao cansaço dos dias – naquele que caminha, alimentando-o com sua primavera e dando sabor e alegria a cada fragmento de tempo e presença que empregamos nesta terra.
Enfim, podemos mudar nossa história! Aliados à Graça, sempre poderemos!
Diácono Adriano Zandoná 



quinta-feira, 28 de abril de 2011

Namoro, tempo de conhecer e escolher






Quando você vai comprar um sapato ou um vestido, não leva para casa o primeiro que experimenta, é claro. Você escolhe, escolhe (...), até gostar da cor, do modelo, do preço, e servir bem nos seus pés ou no seu corpo. Se você escolhe com tanto cuidado um simples sapato, uma calça, quanto mais cuidado você precisa ter ao escolher a pessoa que deve viver ao seu lado para sempre!
Talvez você possa um dia mudar de casa, mudar de profissão, mudar de cidade, mas não poderá trocar de esposa ou de marido. É claro que você não vai escolher a futura esposa, ou o futuro marido, como se escolhe um sapato. Já dizia o poeta que "com gente é diferente". Mas, no fundo será também uma criteriosa escolha.

Se você quiser levar para casa o primeiro par de sapatos que você calçou, só porque o preço é bom, pode ser  que você se arrependa depois quando perceber que não era de couro legítimo, mas sintético.
Se você escolher namorar aquela garota, só porque ela é "fácil", pode ser que você chore depois se ela o deixar por outro, fazendo o seu coração sangrar.
Se você decidir levar aquele par de sapatos, só porque  é bonito e está na moda, mesmo que aperte um pouco os seus pés, pode ser que depois você volte do baile com ele nas mãos porque não o agüenta mais nos pés.
Se você escolher aquele rapaz só porque ele é um "gato", pode ser que amanhã ele faça você chorar quando se cansar de você.
O namoro é este belo tempo de saudável relacionamento entre os jovens, onde, conhecendo-se mutuamente, eles vão se descobrindo e fazendo  "a grande escolha".

Já ouvi alguém dizer, erradamente, que "o casamento é um tiro no escuro" ; isto é, não se sabe onde vai acertar; não se sabe se vai dar certo.
Isto acontece quando não há preparação para a união definitiva, quando não se leva a sério o amor pelo outro.
A preparação para o seu casamento começa no namoro, quando você conhece o outro e verifica se há afinidade dele com você e com os seus valores.

O casamento só é um "tiro no escuro", para aqueles que se casaram sem se conhecer, porque, então, namoraram mal. Se o seu namoro for sério, seu casamento não será  um tiro no escuro, e nem uma roleta da sorte.

O seu casamento vai começar num namoro.
Não brinque com o namoro, não faça dele apenas um passa - tempo, ou uma "gostosa" aventura; você estaria brincando com a sua vida e com a vida do outro.
Só comece a namorar quando você souber por que vai namorar.
A idade em que você deve começar a namorar é aquela na qual você já pensa no casamento, com seriedade, mesmo que ele esteja ainda longe.

Para que você possa fazer bem uma escolha, é preciso que saiba antes o que você quer.
Sem isto a escolha fica difícil.
Não é verdade que quando você sai para comprar um sapato, já sabe qual é a cor que prefere,
o modelo e o preço adequado ao seu bolso?
Que tipo de rapaz você quer?
Que qualidades  a sua namorada deve ter?
O que você espera dele ou dela?
Esta premissa é fundamental.
Se você não sabe o que quer, acaba levando qualquer um... só porque caiu na sua frente.

Os valores do seu namorado devem ser os mesmos valores seus, senão, não haverá encontro de almas.
Se você é religiosa e quer viver segundo a Lei de Deus, como namorar um rapaz que não quer nada disso?
É preciso ser coerente com você. Não basta que o sapato seja bonito, tem que servir nos seus pés.
Se você tem uma boa família, seus pais se amam, seus irmãos estão juntos, então será difícil construir a vida com alguém que não tem um lar e não dá importância para o valor da família.
Quem não experimentou o calor de um lar não sabe dar valor para a família. Será difícil construir uma família junto com alguém que não entende a sua importância.

As leis de Deus e da Igreja são exigentes e determinam o nosso comportamento. Será impossível vivê-las se o outro não os aceita.

Tenho encontrado muitos casais  de namorados e de casados que vivem uma dicotomia nas suas vidas religiosas; e isto é  motivo de desentendimento entre eles.
Há jovens que pensam assim: "eu sou religiosa e ele não; mas, com o tempo eu o levo para Deus".
Isto não é impossível; e tenho visto acontecer muitas vezes. No entanto, não é fácil. E a conversão da pessoa não basta que seja aparente e superficial; há que ser profunda, para que possa satisfazer os seus anseios religiosos.
Não se esqueça que a religião  é um fator determinante  na educação dos filhos, para aqueles que a prezam.

Não tenho dúvida de dizer a você que não renuncie aos seus valores na escolha  do outro.
Se é lícito você tentar adequar-se às exigências do outro, por outro lado,  não é lícito você matar os seus valores essenciais para não perdê-lo.





Não sacrifique o que você é para conquistar alguém.

Há coisas secundárias dos quais podemos abdicar, sem comprometer a estrutura básica  da vida, mas há valores essenciais que não podem ser sacrificados. São preferências periféricas, que são superadas pelo amor que o outro dedica a você. Mas aquilo que é essencial, não pode ser abdicado.
Portanto, saiba o que você quer, e saiba conquistá-lo sem se render. Não se faça de cego, nem de surdo, e nem de desentendido.
Para  que você possa chegar um dia ao altar, você terá que escolher a pessoa amada; e, para isto é fundamental conhecê-la. O namoro é o tempo de conhecer o outro. Mais por dentro do que por fora. E para conhecer o outro é preciso que ele "se revele", se mostre. A recíproca é verdadeira.
Se você não se revelar, ele não vai conhecê-la, pois este mistério que é você, é como uma caixa bem fechada e que só tem chave por dentro.

Seja autêntico, e não minta. Seja aquilo que você é, sem disfarces e
fingimentos mostre ao outro, lentamente, a sua realidade.
Não faça jamais como aquele rapaz que, querendo conquistar uma bela garota, garantiu-lhe que o pai tinha um belo carro importado...; mas quando ela foi conferir havia só um velho fusca na garagem.
A mentira destrói tudo, e principalmente o relacionamento.
Não tenha vergonha da sua realidade, dos seus pais, da sua casa, dos seus irmãos, etc.
Se o outro não aceitar a sua realidade, e deixá-lo por causa dela, fique tranqüilo,
esta pessoa não era para você, não o amava.

Uma qualidade essencial do verdadeiro amor é aceitar a realidade do outro.
O amor pelo outro cresce na medida em que você o conhece melhor. Não se ama alguém que não se conhece.
Não fique cego diante do outro por causa do brilho da sua beleza, da sua posição social ou do seu dinheiro. Isto impediria você de conhecê-lo interiormente e verdadeiramente.
Lembre-se de uma coisa, aquilo que dizia Saint Exupéry: "o importante é invisível aos olhos". "Só se vê bem com o coração". São Paulo nos lembra que o que é material é terreno e passageiro, mas o que é espiritual é eterno.
Tudo o que você vê e toca pode ser destruído pelo tempo, mas o que é invisível aos olhos está apegado ao ser da pessoa e nada  pode destruir. Esse é o seu verdadeiro valor.

Portanto, conheça a "história" e o "coração" da pessoa que está hoje ao seu lado.
Quando você mergulha na história do outro, conhecem os seus dramas e os fatos que a determinaram, então você o compreende melhor e tem mais motivações para compreendê-lo, tem mais paciência para ouvi-lo, perdoá-lo e ajudá-lo. É por isso que o namoro não pode ser uma brincadeira sem qualquer responsabilidade.

Jesus nos manda não fazer aos outros aquilo que não queremos que  seja feito conosco. É uma regra de ouro.
Saiba ver no outro, primeiro o que ele tem de bom, e só depois encare o seu lado difícil. Saiba elogiar e fazer crescer o que há de bom, e cure com carinho as feridas que precisam ser tratadas.
Isto mostra-nos que não há o chamado "amor a primeira vista".

O amor não é um ato de um momento, mas se constrói "a cada momento". Não se pode conhecer uma pessoa "à primeira vista", é preciso todo um relacionamento.

Prof. Felipe Aquino


terça-feira, 19 de abril de 2011

Preparação para a Semana Santa

Ladainha da Humildade



Jesus, manso e humilde de coração, ouve-me.


 Do desejo de ser estimado, livra-me Jesus.
  Do desejo de ser exaltado, livra-me Jesus.
    Do desejo de ser honrado e louvado, livra-me Jesus.
  Do desejo de ser preferido a outros, livra-me Jesus.
 Do desejo de ser aceito por todos, livra-me Jesus.



 Do medo de ser desprezado, livra-me Jesus.
  Do medo de ser esquecido, livra-me Jesus.
    Do medo de fracassar, livra-me Jesus.
  Do medo de ser humilhado, livra-me Jesus.
 Do medo de não ser aceito, livra-me Jesus.



 Que os outros possam ter mais êxito que eu, concede-me a graça de aceitar em paz, Jesus.
  Que os outros possam ser melhor aceitos que eu, concede-me a graça de aceitar em paz, Jesus.
   Que os outros possam ser mais amados que eu, concede-me a graça de aceitar em paz, Jesus.
 Que os outros possam ser preferidos a mim, concede-me a graça de aceitar em paz, Jesus

Cardeal Merry de Val.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Não Desista de Viver





Jesus está atento ao que acontece com voce
Ele entende, compreende e tudo ver


Se uma porta se fechar
muitas outras vão se abrir
Deus não quer ver você desistir


Não desista dos seus sonhos
Não desista de viver
Não desista dos planos de Deus pra você
Não desista de viver



Diego Fernandes (Cd Não Desista de Viver)
 
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...e assista a um vídeo com a canção. Deus lhe abençõe!

domingo, 17 de abril de 2011

Quando termina uma amizade?



Pode ser que, diante dessa pergunta, muitas respostas tenham vindo à sua cabeça: Quando há traição; quando uma das pessoas se muda para outra cidade; quando a outra pessoa começa a namorar; quando um se decepciona com o outro. Enfim, uma série de conclusões prontas que não chegam nem perto da resposta mais acertada. Todos os motivos que foram citados não são determinantes para uma amizade terminar, pois se esta é verdadeira, ela está fundamentada no amor e o verdadeiro amor supera tudo. Mas, infelizmente, há uma razão bem concreta para uma amizade terminar: quando ela deixa de ser amizade!


Já apresentamos muitas definições para esse relacionamento fundamental entre as pessoas. Para nós, a melhor expressão para classificá-lo é dom de Deus. E justamente por ser um dom de Deus a amizade é irrevogável (cf. Rm 11,29).

Então perguntar sobre o fim de uma verdadeira amizade é contradizer tudo isso? Pelo contrário, é justamente reforçar essas ideias; é voltar a afirmar que esse relacionamento, mesmo que verdadeiro e originado em Deus, só acaba quando ele deixa de ser e se descaracteriza.

Alguém pode nos dar um presente e nunca tentar tomá-lo de volta. Mas nós podemos pegar esse lindo presente e jogá-lo na parede, quebrá-lo, estragá-lo. É exatamente isso que acontece com o dom , que é um amigo. Deus não o toma; nós que estragamos tudo. É por isso que vemos muita coisa sendo chamada de amizade, sem o ser na realidade. Caricaturas de um dom tão precioso que o Senhor nos concede para nos aproximar mais d’Ele.

A missão principal de um amigo é levar o outro cada vez mais para o Senhor. Quando isso deixa de acontecer, já não se trata mais de uma amizade verdadeira. Podem até chamá-la dessa forma, mas, na verdade, muitas vezes, não passa de apego, conveniência, interesse, carência mútua, codependência afetiva, status social, coleguismo, sociedade, associação ou qualquer outra nomenclatura para relacionamentos afetivos que não ultrapassam a sensibilidade, as emoções, os interesses pessoais, sejam eles os mais nobres ou os mais deploráveis, mas, independentemente disso, se limitam exclusivamente aos nossos interesses.

Esses tipos de relacionamento realmente acabam, pois estão baseados em propósitos, em metas – positivas ou não – que se esgotam com o passar do tempo. Quando se alcança o objetivo definido, os que estão envolvidos naturalmente se separam e tudo acaba. Quando a essas relações muito sentimento é associado, o estrago é muito maior. Quem está envolvido não consegue ou não quer enxergar que aquele relacionamento é prejudicial e insiste em seguir adiante só se machucando e ferindo a outra pessoa. Tudo se reduz a uma compensação de carências; feridas que se encontram e só crescem juntas; um sentimento de posse destrutivo em graus menores ou maiores; nada que se aproxime do dom de Deus.

Uma amizade verdadeira, sólida no Senhor, não acaba, pois, como afirma Santa Catarina de Sena: “A amizade cuja fonte é Deus jamais se esgota”. É dom do Pai, por isso se renova todos os dias pela ação do Espírito Santo; sempre renovada n’Ele, que a todo momento faz nova todas as coisas (cf. Ap 21,5). Fundamentada no Senhor, ela é expressão concreta – mesmo que limitada – do Seu amor que “é paciente, não é interesseiro, não se encoleriza, não leva em conta o mal sofrido, não se alegra com a injustiça, tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor que jamais acabará” (cf. I Cor 13,4-8).

Se ao ler esse texto você disser que a sua amizade acabou, algumas perguntas você deverá se fazer:

Era realmente uma amizade verdadeira?
Que frutos esse relacionamento gerou na sua vida: frutos bons ou frutos maus?
Acabou mesmo ou está passando pelo processo normal de purificação, pelo qual todo relacionamento passa para amadurecer?
Ou pior: por causa das dificuldades, dos sofrimentos do amadurecer, você preferiu, por fraqueza, desistir do dom que Deus lhe deu?

É preciso ter coragem para se olhar no espelho e se questionar, fazê-lo pode trazer uma nova luz para a sua vida.

Se acabou, talvez essa amizade não fosse verdadeira, não passasse de uma caricatura. Mas se é mesmo um dom do céu para a sua vida, que o próprio Deus lhe concedeu, não desista e – como Jesus – pague o preço do amor verdadeiro: ame até o fim. Ele, que é a Verdade, iluminará seus passos e lhe ensinará a viver uma amizade de verdade.

Seu irmão,

Renan Félix
Canção Nova