sábado, 16 de outubro de 2010

Ainda Que Demore

Às vezes temos pressa de menos. Outras vezes temos pressa demais. Em algumas ocasiões, Deus nos apressa. Em outras nos manda abandonar a pressa.
Por um lado, somos morosos nas tomadas de decisão mais difíceis e na negação da vontade própria. Por outro, não sabemos esperar calmamente os frutos da obediência, o momento de alívio, o galardão final nem o retorno de Jesus em poder e muita glória.

Mas, desde a queda, somos obrigados a esperar. A serpente já feriu o calcanhar do descendente da mulher (Gn 3.15), mas ainda não vemos toda a cabeça da serpente esmagada (Rm 16.20). Jesus já venceu a morte, mas ela ainda é o “rei dos terrores” (Jó 18.14), aquele monstro “cujo lábio inferior toca a terra e o superior, o céu, de modo a engolir tudo”.
Uma das mais bonitas palavras de encorajamento na prática da espera encontra-se no livro do profeta Habacuc: ” A visão escrita claramente em tabuas em tábuas aguarda um tempo designado; ela ( fala do fim, e não falhará. Ainda que demore, espere-a; porque ela certamente virá e não se atrasará.” (Hab 2.3 NVI )
O importante é que as promessas de Deus existem. E “é impossível que Deus minta” (Hb 6.18). Essa impossibilidade de mentir faz parte da natureza divina: “Deus não é homem para que minta” (Nm 23.19). A impossibilidade é mais estrutural do que ética. Quem faz a promessa é “o Deus que não pode mentir” (Tt 1.2).

A demora é uma questão relativa. O próprio Jesus garante que Deus fará justiça aos seus escolhidos, “embora pareça demorado em defende-luz” (Lc 18.7). Além da arte de esperar, precisamos aprender a arte de tomar posse daquilo que ele realmente promete, mesmo sem ver com os olhos naturais e sem agarrar com as mãos.
A exortação de Habacuc nos diz respeito. Ainda que a cessação da dor, a ressurreição, a plenitude da salvação, a apoteose, os novos céus e a nova terra, a vida eterna demorem, espere-as, porque elas certamente virão e não se atrasarão. Na verdade, ” temos esta esperança como âncora da alma, firme e segura”, aqui e além do véu (Hab 6.19 , NVI ). A âncora é o símbolo clássico e universal da estabilidade.

Irmã Maria Eunice

Um comentário:

  1. Realmente é preciso saber esperar.

    "Sofre as demoras de Deus;
    dedica-te a Deus, espera com paciência,
    a fim de que no derradeiro momento da tua vida se enriqueça." (Eclo. 2,3)

    ResponderExcluir