Quando você vai comprar um sapato ou um vestido, não leva para casa o primeiro que experimenta, é claro. Você escolhe, escolhe (...), até gostar da cor, do modelo, do preço, e servir bem nos seus pés ou no seu corpo. Se você escolhe com tanto cuidado um simples sapato, uma calça, quanto mais cuidado você precisa ter ao escolher a pessoa que deve viver ao seu lado para sempre!
Talvez você possa um dia mudar de casa, mudar de profissão, mudar de cidade, mas não poderá trocar de esposa ou de marido. É claro que você não vai escolher a futura esposa, ou o futuro marido, como se escolhe um sapato. Já dizia o poeta que "com gente é diferente". Mas, no fundo será também uma criteriosa escolha.
Se você quiser levar para casa o primeiro par de sapatos que você calçou, só porque o preço é bom, pode ser que você se arrependa depois quando perceber que não era de couro legítimo, mas sintético.
Se você escolher namorar aquela garota, só porque ela é "fácil", pode ser que você chore depois se ela o deixar por outro, fazendo o seu coração sangrar.
Se você decidir levar aquele par de sapatos, só porque é bonito e está na moda, mesmo que aperte um pouco os seus pés, pode ser que depois você volte do baile com ele nas mãos porque não o agüenta mais nos pés.
Se você escolher aquele rapaz só porque ele é um "gato", pode ser que amanhã ele faça você chorar quando se cansar de você.
O namoro é este belo tempo de saudável relacionamento entre os jovens, onde, conhecendo-se mutuamente, eles vão se descobrindo e fazendo "a grande escolha".
Já ouvi alguém dizer, erradamente, que "o casamento é um tiro no escuro" ; isto é, não se sabe onde vai acertar; não se sabe se vai dar certo.
Isto acontece quando não há preparação para a união definitiva, quando não se leva a sério o amor pelo outro.
A preparação para o seu casamento começa no namoro, quando você conhece o outro e verifica se há afinidade dele com você e com os seus valores.
O casamento só é um "tiro no escuro", para aqueles que se casaram sem se conhecer, porque, então, namoraram mal. Se o seu namoro for sério, seu casamento não será um tiro no escuro, e nem uma roleta da sorte.
O seu casamento vai começar num namoro.
Não brinque com o namoro, não faça dele apenas um passa - tempo, ou uma "gostosa" aventura; você estaria brincando com a sua vida e com a vida do outro.
Só comece a namorar quando você souber por que vai namorar.
A idade em que você deve começar a namorar é aquela na qual você já pensa no casamento, com seriedade, mesmo que ele esteja ainda longe.
Para que você possa fazer bem uma escolha, é preciso que saiba antes o que você quer.
Sem isto a escolha fica difícil.
Não é verdade que quando você sai para comprar um sapato, já sabe qual é a cor que prefere,
o modelo e o preço adequado ao seu bolso?
Que tipo de rapaz você quer?
Que qualidades a sua namorada deve ter?
O que você espera dele ou dela?
Esta premissa é fundamental.
Se você não sabe o que quer, acaba levando qualquer um... só porque caiu na sua frente.
Os valores do seu namorado devem ser os mesmos valores seus, senão, não haverá encontro de almas.
Se você é religiosa e quer viver segundo a Lei de Deus, como namorar um rapaz que não quer nada disso?
É preciso ser coerente com você. Não basta que o sapato seja bonito, tem que servir nos seus pés.
Se você tem uma boa família, seus pais se amam, seus irmãos estão juntos, então será difícil construir a vida com alguém que não tem um lar e não dá importância para o valor da família.
Quem não experimentou o calor de um lar não sabe dar valor para a família. Será difícil construir uma família junto com alguém que não entende a sua importância.
As leis de Deus e da Igreja são exigentes e determinam o nosso comportamento. Será impossível vivê-las se o outro não os aceita.
Tenho encontrado muitos casais de namorados e de casados que vivem uma dicotomia nas suas vidas religiosas; e isto é motivo de desentendimento entre eles.
Há jovens que pensam assim: "eu sou religiosa e ele não; mas, com o tempo eu o levo para Deus".
Isto não é impossível; e tenho visto acontecer muitas vezes. No entanto, não é fácil. E a conversão da pessoa não basta que seja aparente e superficial; há que ser profunda, para que possa satisfazer os seus anseios religiosos.
Não se esqueça que a religião é um fator determinante na educação dos filhos, para aqueles que a prezam.
Não tenho dúvida de dizer a você que não renuncie aos seus valores na escolha do outro.
Se é lícito você tentar adequar-se às exigências do outro, por outro lado, não é lícito você matar os seus valores essenciais para não perdê-lo.
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Não sacrifique o que você é para conquistar alguém.
Há coisas secundárias dos quais podemos abdicar, sem comprometer a estrutura básica da vida, mas há valores essenciais que não podem ser sacrificados. São preferências periféricas, que são superadas pelo amor que o outro dedica a você. Mas aquilo que é essencial, não pode ser abdicado.
Portanto, saiba o que você quer, e saiba conquistá-lo sem se render. Não se faça de cego, nem de surdo, e nem de desentendido.
Para que você possa chegar um dia ao altar, você terá que escolher a pessoa amada; e, para isto é fundamental conhecê-la. O namoro é o tempo de conhecer o outro. Mais por dentro do que por fora. E para conhecer o outro é preciso que ele "se revele", se mostre. A recíproca é verdadeira.
Se você não se revelar, ele não vai conhecê-la, pois este mistério que é você, é como uma caixa bem fechada e que só tem chave por dentro.
Seja autêntico, e não minta. Seja aquilo que você é, sem disfarces e
fingimentos mostre ao outro, lentamente, a sua realidade.
Não faça jamais como aquele rapaz que, querendo conquistar uma bela garota, garantiu-lhe que o pai tinha um belo carro importado...; mas quando ela foi conferir havia só um velho fusca na garagem.
A mentira destrói tudo, e principalmente o relacionamento.
Não tenha vergonha da sua realidade, dos seus pais, da sua casa, dos seus irmãos, etc.
Se o outro não aceitar a sua realidade, e deixá-lo por causa dela, fique tranqüilo,
esta pessoa não era para você, não o amava.
Uma qualidade essencial do verdadeiro amor é aceitar a realidade do outro.
O amor pelo outro cresce na medida em que você o conhece melhor. Não se ama alguém que não se conhece.
Não fique cego diante do outro por causa do brilho da sua beleza, da sua posição social ou do seu dinheiro. Isto impediria você de conhecê-lo interiormente e verdadeiramente.
Lembre-se de uma coisa, aquilo que dizia Saint Exupéry: "o importante é invisível aos olhos". "Só se vê bem com o coração". São Paulo nos lembra que o que é material é terreno e passageiro, mas o que é espiritual é eterno.
Tudo o que você vê e toca pode ser destruído pelo tempo, mas o que é invisível aos olhos está apegado ao ser da pessoa e nada pode destruir. Esse é o seu verdadeiro valor.
Portanto, conheça a "história" e o "coração" da pessoa que está hoje ao seu lado.
Quando você mergulha na história do outro, conhecem os seus dramas e os fatos que a determinaram, então você o compreende melhor e tem mais motivações para compreendê-lo, tem mais paciência para ouvi-lo, perdoá-lo e ajudá-lo. É por isso que o namoro não pode ser uma brincadeira sem qualquer responsabilidade.
Jesus nos manda não fazer aos outros aquilo que não queremos que seja feito conosco. É uma regra de ouro.
Saiba ver no outro, primeiro o que ele tem de bom, e só depois encare o seu lado difícil. Saiba elogiar e fazer crescer o que há de bom, e cure com carinho as feridas que precisam ser tratadas.
Isto mostra-nos que não há o chamado "amor a primeira vista".
O amor não é um ato de um momento, mas se constrói "a cada momento". Não se pode conhecer uma pessoa "à primeira vista", é preciso todo um relacionamento.
Prof. Felipe Aquino